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Vortex | Loja de Rock, Selo Musical, Produtora de Vídeo, Estúdio e Bar

A postagem de hoje é sobre um bar que foi muito inovador aqui em Porto Alegre (talvez do mundo) nos anos 80, o Vortex. Essa reportagem que eu fiz foi publicada na revista Sextante da FABICO/UFRGS em 2012/1, inclusive serviu de inspiração para o pessoal do Radar, da TVERS, fazer um programa especial sobre o tema. Ao final da reportagem, vou colocar esse especial do Radar e mais alguma coisa relativa ao tema…

Bar Vortex

Foto em frente ao bar Vortex. Da esquerda para direita: Cláudio Heinz, Luciana Tomasi, Carlos Gerbase, Heron Heinz e Wander Wildner. Fonte: Acervo Pessoal Carlos Gerbase

O futuro é Vortex

Nesta quarta-feira, dia 2 de setembro, um turbilhão de ideias toma conta da cidade. A partir das 22h, abrem-se oficialmente as portas de VORTEX, um lugar que reúne, num mesmo endereço (Protásio Alves, 737) várias possibilidades de cultura e lazer: estúdio completo para ensaios musicais, com bateria e ar condicionado; vídeo-bar com programação permanente de clipes e shows de Porto Alegre e do mundo; loja especializada em rock, com discos, fitas, camisetas e vídeos selecionados. Ou seja: dá pra ensaiar tomando uma cerveja bem gelada, ou comprar um disco vendo um clipe da banda que o gravou, ou assistir (pela TV) a um show ao vivo de um grupo que está no estúdio naquele momento, ou tudo isso ao mesmo tempo, dependendo do gosto do freguês…

Esse é o primeiro release do bar Vortex, sede da banda Os Replicantes, um lugar com muitas possibilidades de entretenimento. Eu confesso que eu nunca tinha ouvido falar desse lugar aqui em Porto Alegre e só descobri depois de uma conversa informal ao final de uma entrevista com o cineasta Carlos Gerbase. Fiquei muito curioso para saber mais sobre esse bar, queria que essa história fosse publicada em algum lugar. Aqui estamos.

Um lugar que abrigava vários lugares

Um local onde as bandas podiam ensaiar os seus shows e, de brinde, serem gravados por uma câmera de vídeo que transmitia ao vivo para o bar tudo o que rolava lá dentro do estúdio. Uma casa onde você poderia conversar com os seus amigos assistindo a vídeos de bandas que você gosta (não existia MTV aqui nessa época) ou ir na loja especializada de rock comprar umas camisetas, discos, etc. E, além de tudo isso, ser um selo independente que gravava e distribuía materiais em áudio e vídeo das bandas daqui da cidade: Bem-vindo ao bar Vortex.

O selo Vortex surgiu quando a banda Replicantes, entre 1985/86, decidiu gravar um compacto duplo das suas canções. O dinheiro para fazer este trabalho viria dos integrantes através de uma associação realizada junto com a produtora da banda, Luciana Tomasi. Nessa época, a gravadora RCA chega ao Rio Grande do Sul decidida a investir em cinco bandas locais, entre elas Os Replicantes. O investimento da gravadora deu um bom retorno, pois a banda vendeu aproximadamente 20 mil cópias e teve uma boa execução nas rádios. Entre shows e festivais de música, Os Replicantes perceberam que haviam muitas bandas boas na região e, algum tempo depois, começaram a pensar em alguma maneira de divulgar melhor o trabalho desses artistas. Mas o obstáculo maior para colocar em prática isto era a falta de capital financeiro, já que eles não tinham dinheiro para investir neles próprios, quem dirá investir em outras bandas. A solução para esse problema surgiu logo em seguida, quando a RCA procurou a banda para fazer um novo contrato a fim de lançar mais dois discos. Como tinham feito uma boa venda do primeiro LP, a banda aceitou fazer esse contrato, desde que recebessem um adiantamento. Em 1987, com o dinheiro que receberam da gravadora, Os Replicantes resolveram investir num lugar onde pudessem aplicar um capital, nem que fosse mínimo, para lançar essas bandas novas. Alugaram uma casa onde eles poderiam colocar tudo o que eles achassem legal, como afirma Gerbase:

– A gente transformou essa casa num bar, é bom beber; num estúdio para ensaiar, o que resolvia um problema nosso para ensaiar; uma loja de discos especializada em rock e uma sede do selo Vortex.

Além disso, o local também era uma produtora de vídeo, que na época se chamava InVideo, porém no futuro passou a se chamar Vortex Vídeo. Eles começaram lançando fitas cassete e, logo em seguida, fitas VHS das bandas que tinham contrato com o selo. Muitas bandas forneciam o material gravado de outro estúdio para que fosse distribuído pela Vortex, como é o caso dos Cascavelletes com a sua primeira fita demo. Algumas pessoas dizem que a qualidade sonora de alguns trabalhos distribuídos pela Vortex era superior inclusive a de muitas regravações “oficiais” feitas posteriormente por outras gravadoras, tais como a fita da Graforréia Xilarmônica chamada Com Amor Muito Carinho, que foi gravado no próprio estúdio da Vortex, e a primeira fita demo dos Cascavelletes. Outro trabalho que é reconhecido pela sua qualidade sonora, e Gerbase não tem certeza se foi gravado na Vortex ou em outro local, são as duas fitas demo do músico Júlio Reny, chamados Amor e Morte e Não chores Lola. Todo o material do selo Vortex era vendido na própria loja ou pelo serviço de Caixa Postal.

Alguns releases da Vortex eram feitos no estilo fanzine. Fonte: Acervo Pessoal Carlos Gerbase

Carlos Gerbase disse que o bar Vortex não tinha uma direção, já que Os Replicantes eram uma banda anárquica e cada um fazia o seu trabalho, um não incomodava o outro:

– O Wander cuidava mais das gravações do estúdio, o Claúdio Heinz ficava no bar, o Heron fazia um pouco de tudo, eu cuidava muito da parte de vídeo, não haviam cargos e funções específicas, cada um fazia um pouco de tudo.

As bandas que ensaiavam ou gravavam no estúdio eram transmitidas ao vivo para as televisões que existiam no bar, como se fosse um pocket show para os frequentadores. Quando não tinha alguma banda tocando no estúdio, eles deixavam vídeos de bandas rodando nas televisões. Alexandre Barea, ex- baterista dos Cascavelletes, era um dos frequentadores do local:

– O Vortex era um estúdio/bar onde compusemos os maiores clássicos dos Casca. Ensaiávamos duas vezes por semana lá e rolavam também os ensaios/show, onde tudo o que rolava dentro do estúdio era transmitido para umas TVs que ficavam no bar onde reunia muita gente – afirma Barea.

– EROON, EROON!!! Assim chegava todos os dias a dona Maria, uma moradora de rua que vivia perto do bar. Gerbase e os outros integrantes da banda diziam que ela era apaixonada pelo Heron Heinz, de tanto que ela gritava chamando por ele para pedir alguma coisa no bar. Além disso, a dona Maria era uma das pessoas que ajudava a cuidar da casa também. A maioria dos frequentadores do bar Vortex não tinha muita grana para gastar, conta Gerbase:

– Tinha muito punk que ia lá e punk é duro por natureza, vai consumir o mínimo possível e se divertir ao máximo. Tinha gente que ia lá umas seis horas da tarde, tomava uma Coca-Cola e ficava até às duas horas da manhã lá, sentado na mesa, vendo vídeos e ouvindo umas músicas, daí não tinha lucro nenhum.

Fonte: Acervo Pessoal Carlos Gerbase

Fonte: Acervo Pessoal Carlos Gerbase

Boas lembranças pra quem conheceu

Como diz aquela velha frase clichê: “Tudo que é bom, dura pouco.” O bar Vortex durou exatamente um ano, o tempo do contrato do aluguel da casa. O dono queria um aumento no valor do aluguel e como o dinheiro investido na casa retornou para a banda, estavam num “zero a zero”, lembra Carlos Gerbase. Sendo assim, resolveram encerrar as atividades no local, mas sem acabar com alguns projetos construídos nesse ano de funcionamento. As festas organizadas pela Vortex passaram a ser realizadas no bar Ocidente com o nome Noites de Vortex, onde duraram mais ou menos dois anos. A casa fechou, porém o selo continua na ativa até hoje, com menos vigor e atividade do que na época de funcionamento do bar.

Logo após a entrevista que eu fiz com Gerbase, entra no escritório um dos personagens dessa história, Wander Wildner. Como eu fui pego de surpresa, na hora nem pensei em fazer alguma pergunta referente ao bar Vortex ou tirar alguma foto, fiquei conversando com dois sobre assuntos diversos. Durante a conversa, Gerbase mostra ao amigo duas fotos antigas do tempo em que o bar funcionava e os dois ficaram admirando aquelas fotos com um olhar de nostalgia. Wander disse que nunca tinha visto aquelas fotos que estavam nos arquivos do Gerbase. Ver aquela cena, valeu mais do que qualquer pergunta que eu fizesse para ele no momento. Aquele olhar mostrou que o bar Vortex deixou boas lembranças pra quem um dia foi lá.

Hoje no local onde era o bar Vortex é o estacionamento de um restaurante. Fonte: Bart Borges

Hoje no local onde era o bar Vortex é o estacionamento de um restaurante. Fonte: Bart Borges

Como eu disse no início do post, essa reportagem serviu de inspiração para a produção do Radar fazer um programa especial sobre esse lugar multifuncional dos anos 80. Confere aí abaixo, o programa que teve o primeiro episódio dessa série especial com entrevistados ao vivo no estúdio também:

Um dos entrevistados no estúdio naquele dia foi o Boca Migotto, diretor do documentário Filme Sobre um Bom Fim. Nesse doc, podemos ver como era a cena jovem porto-alegrense nos anos 80, inclusive a parte da falta de grana da gurizada, hehe. Pra quem tem acesso ao Now da Net, pode assistir o documentário através do Canal Brasil On Demand pelo decodificador ou pelo site usando o login da sua TV por Assinatura.

Uma curiosidade sobre essa reportagem do bar Vortex, que eu não incluí na reportagem, foi sobre o material gravado em vídeo daquela época. O Gerbase me falou no dia da entrevista que eles possuem um acervo enorme de fitas em vídeo e um dia, quem sabe, eles irão fazer um documentário sobre o próprio bar Vortex ou das bandas que passaram por suas lentes durante os eventos produzidos pelo selo Vortex. Me lembro que na época até me ofereci a ajudar eles na catalogação desse material. Sem querer, durante a pesquisa para este post, encontrei o Carlos Gerbase e a Luciana Tomasi falando sobre o assunto numa matéria da ZH. Outra informação que não entrou na matéria, mas não menos importante, é que o Frank Jorge, segundo o Gerbase, passou pelo estúdio/selo da Vortex com todas as bandas que ele participava na época. Espero que tenham gostado da postagem e quem sabe um dia a gente possa ver todo esse acervo audiovisual num documentário.

⊗ Após a publicação desta postagem, recebi um depoimento interessante de um dos frequentadores do local na época, Gilberto Six, da web rádio Putzgrila. Acho que vale fazer esse adendo:

“Passei muitas tardes e noites nesse lugar, além de fazer os primeiros ensaios com a banda que eu tentava formar na época.
O acervo de vídeos do Carlos Gerbase era único e através dele pude conhecer filmes e vídeos de bandas que jamais veria em lugar nenhum.
Vi alguns shows clássicos que eram transmitidos pelo circuito de vídeo de dentro do estúdio, como um baile de três horas protagonizado pela Graforréia Xilarmônica, que teve direito a telão na rua. Numa tarde, errei a porta do banheiro e acabei dando de cara com um ensaio dos ainda embrionários Cascavelletes, que além de ensaiar na Vortex teve uma fita cassete lançada pelo selo com seu incendiário repertório. Além deles, a Graforréia também teve uma fita cassete lançada pelo selo.
Na época, eu trabalhava no Supermercado Dosul e sempre que via alguém dos Replicantes fazendo compras dava um jeito de levar as compras, quase sempre era o Claudio Heinz de quem eu era fã e que sempre me tratou bem e nunca negou uma conversa, apesar de parecer sempre ter acordado a pouco.
Cheguei a passar uns dias nessa casa quando ela ficou vazia e abandonada. Essa casa foi destruída, só ficou o terreno, um grande vazio e a saudade de um tempo que não volta mais.
Parabéns Bart Borges por resgatar essa história.”

Curiosidades da Trilogia “De Volta para o Futuro”

[Originalmente publicado em 11 de setembro de 2011. Links e vídeos atualizados em 21 de outubro de 2015. Será avisado, no texto, quando houver alguma informação nova que não estava no post original]

Olá gurizada

Ano passado, completou-se 25 anos que o primeiro filme da trilogia De Volta Para o Futuro foi lançado, um clássico do cinema com muitos fãs pelo mundo. O primeiro filme estreou em 1985 (ano em que eu nasci, hehe), com roteiro de Robert Zemeckis em parceria com Bob Gale e contou com a produção de Steven Spielberg.

Pra quem não viu nenhum dos filmes ainda, eu sugiro que vocês aluguem, baixem ou esperem que um dia passe na Sessão da Tarde, heha. Eu lembro que vi o primeiro filme na Sessão da Tarde quando era mais novo, eu devia ter uns 5 anos. O que mais me chamou a atenção nesse primeiro filme é o solo de guitarra que o personagem de Michael J. Fox, Marty McFly, faz da música Johnny B. Goode de Chuck Berry. Já os outros dois eu vi na Tela Quente e eu tentava assistir, sempre que possível, quando passava um dos 3 filmes na TV.

Nesse post aqui, para você aí que já ouviu falar, porém nunca assistiu nenhum dos três filmes, eu vou contar algumas curiosidades sobre a trilogia que talvez aguce a sua curiosidade para ver. Sugiro que volte aqui no blog e leia depois de assistir aos filmes.

De Volta para o Futuro I: Marty McFly é um adolescente que, nas horas vagas, é assistente de um cientista louco das ideias chamado Doc Emmett Brown (Christopher Lloyd). Marty é enviado acidentalmente para o ano de 1955, 30 anos antes, através de uma máquina do tempo incorporada no carro DeLorean. Nessa época, ele conhece os seus pais adolescentes e com isso acaba interferindo no futuro da sua família, pois sua mãe se apaixona por ele. Agora McFly tem que fazer com que os seus pais se apaixonem, enquanto Doc Brown mais jovial pensa num modo de enviá-lo de volta ao futuro no ano de 1985. Esse é um resumo “chulo” do primeiro filme. Tentei não contar muito do enredo pra quem não viu o filme ainda. Segue o trailer do filme:

Uma geladeira velha era a ideia inicial dos roteiristas para ser a máquina do tempo, que coisa não. Eles chegaram a conclusão que não seria uma boa ideia, pois as crianças iriam se esconder dentro dela e, ao invés de elas viajarem no tempo, iriam viajar para outro lugar, se é que você me entende. Decidiram então que tinha que ser algo móvel que pudesse ir junto com o viajante. Daí surgiu o carro, um DeLorean, que tinha um design bem moderno na época. Encheram de peças de aeronaves, eletrônicas, luzinhas e etc (tipo aqueles computadores dos Power Rangers ou daqueles seriados japoneses). Ao atingir 140 km/h (88 mph) o carro esquenta, as rodas deixam um rastro de fogo no chão e o carro desaparece. No seu destino, ele chega congelado, sendo essa a ideia final para a máquina do tempo no filme.

Bob Gale e Robert Zemeckis escreveram o roteiro em 1980, sendo que já haviam pensado nele antes. O roteiro foi recusado por várias produtoras, até que a Universal apoiasse o projeto. Steven Spielberg foi um dos primeiros a ler a história, gostou tanto que quis produzir. Zemeckis ficou receoso por Spielberg produzir o filme, pois os outros dois filmes deles juntos não foram bem sucedidos e com um terceiro filme ruim ele não conseguiria mais emprego como diretor. O filme foi engavetado e só ressurgiu a vontade de fazê-lo de novo depois que o filme estrelado por Michael Douglas, Tudo por uma Esmeralda, foi um grande sucesso. Quem teve a ideia para o filme foi Bob  Gale, que tinha pensando como seria conhecer os seus pais na época em que eles eram adolescentes. Os anos 50 foram escolhidos por dois motivos: Um seria que o personagem principal tinha que voltar na época em que os seus pais eram adolescentes e o outro motivo foi que os anos 50 foram importantes na história da cultura jovem americana, geração na qual os adolescentes começaram a ter mais independência, surgiu o Rock and Roll e etc.

Lawrence Paull, cenógrafo, fez pesquisas nas revistas, livros e filmes dos anos 40 e 50 para dar um ar mais realista ao filme. Isso é umas das coisas mais interessantes no filme, pois você vê como era a cidade e como ela se tornou 30 anos depois. A partir dessa ideia, as primeiras gravações foram feitas na cidade antiga e logo após foi feito um envelhecimento do lugar.

Michael J. Fox foi a primeira escolha para fazer Marty McFly, mas, como ele estava fazendo o seriado de TV Family Ties, não estava disponível para as filmagens. Sendo assim, tiveram que adiar o início das gravações, pois estava difícil de encontrar um ator que pudesse encarnar o personagem do jeito que eles queriam. Nos testes finais eles chegaram a dois atores: C. Thomas Howell, famoso pelo filme E.T. O Extraterrestre, e Eric Stoltz (que era bem parecido fisicamente com o Michael J. Fox). No final das audições Stoltz ganhou o papel. Para o diretor Robert Zemeckis foi um erro a escolha dele, já que, apesar de ele ser um grande ator, não tinha o humor necessário para o que o filme necessitava (imagina ele encarando o Biff Tannen, Thomas F. Wilson, iria ser estranho). Eric gravou durante 5 semanas. Entraram em contato com Michael, para ver se ele ainda estava interessado no papel. Aceitou trabalhar nos dois projetos dessa maneira: de dia gravava o seriado e, durante a noite até a madrugada, trabalhava no filme no seu tempo livre. Michael J. Fox disse que dormia em média duas horas por dia. Isso o afetou fisicamente e psicologicamente, confessando que, às vezes, não sabia onde estava, ficava desorientado, mas como ele tinha 22 anos, isso não o incomodava. Dizem que essa rotina intensa de trabalho acabou contribuindo para o agravo da sua doença, o Mal de Parkinson. Abaixo você confere algumas cenas do Eric Stoltz:

Comparando Stoltz e Michael J. Fox

E se você acha que Michael J. Fox encenou aquele solo de guitarra que eu havia falado anteriormente, você se enganou. Na adolescência, com aproximadamente 14 anos de idade, Michael tocava guitarra, inclusive tocou com algumas bandas. Não era um talentoso guitarrista, mas sabia tocar Johnny B. Goode. A produção já havia gravado a base da música, então ele teve que praticar com um professor de guitarra, Paul Hanson,  nota por nota para não parecer tão falso. Bob Gale queria que a apresentação fosse bem intensa, então pensaram em inspirar a performance do show em alguns guitarristas conhecidos, como Pete Townshend, Jimi Hendrix, um pouco de Eric Clapton e, claro, Chuck Berry. Levaram aproximadamente duas semanas para concluir a montagem dessa cena. Confira a cena completa de Johnny B. Goode by Marty McFly:

Já que estamos falando em música, a trilha sonora tema do filme é tão grandiosa quanto as que John Williams compôs para filmes de grande apelo popular. O compositor dessa trilha clássica tema do filme foi Alan Silvestri que, a pedido do diretor Robert Zemeckis, fez uma trilha grandiosa, com intensidade. Conseguiu e você pode conferir o resultado aí, com um belo resumo dos três filmes:

De Volta para o Futuro II: O segundo filme se inicia exatamente onde terminou o primeiro filme. Doc Brown aborda Marty e a sua namorada para dentro do DeLorean, que agora voa, e os leva para o ano de 2015. Segundo Doc, algo ruim vai acontecer com o filho deles e Emmett Brown quer que Marty McFly o ajude a mudar o que vai acontecer. Porém, as coisas não saem como o planejado, fazendo alterações no passado de 1985 (tempo presente dos personagens). Para corrigir esse erro na linha do tempo, eles tem que voltar de novo ao ano de 1955 e resolver o problema na raiz. Olhe o trailer do filme:

Devido ao sucesso estrondoso do primeiro filme, a Universal pediu uma continuação. Passaram-se 5 anos do lançamento do primeiro filme, sendo que a parte II e a III foram gravadas simultaneamente e lançados com uma diferença de seis meses. Na verdade, quando eles fizeram o primeiro filme, não pensaram em fazer uma continuação, pois a cena final do primeiro filme, com o carro voador indo para o futuro com os personagens, foi uma brincadeira criada pelos produtores. Apesar de muitas pessoas dizerem que eles pensaram na continuação, o diretor Robert Zemeckis disse que se tivesse que fazer uma continuação, ele não teria colocado a namorada dentro do carro também. Isso acabou gerando um grande problema quando foram escrever o segundo roteiro, já que se estivessem só os dois no carro, Marty e Brown, teriam mais possibilidades de criar aventuras novas.

Os produtores se comprometeram a fazer a continuação só se Michael J. Fox e Christopher Lloyd topassem, conseguiram sem muitos problemas. Após isso, começaram a discutir quais personagens iriam continuar na trama. Lorraine, Lea Thompson, mãe de McFly continuou. Biff Tannen, Tom Wilson, o vilão da história também continuaria. Já as negociações com o Crispin Glover, ator que interpreta o pai de Marty, George McFly, não foram tão fáceis. Pra começar, Crispin queria muitas coisas extras para participar da continuação que não eram muito aceitáveis para um ator em início de carreira como ele. Bob Gale, que fez as negociações com a agente do ator, disse que os atores que já tinham feito o filme anterior estavam no projeto e que ele e Robert o queriam na continuação. Após duas semanas, a agente dele diz que o seu cliente não iria ceder na sua proposta e que ele só faria o filme com as exigências anteriores. Devido a isso, os produtores sacaram ele da história. Criaram um mundo alternativo nos anos 80 no qual George McFly morria, isso acabou gerando parte do enredo do segundo filme. Em algumas cenas dos anos 50, que foram refeitas com outros ângulos, ele foi substituído por Jeffrey Weissman, que teve que usar uma maquiagem pesada junto com um nariz de borracha para parecer com Crispin (assista ao filme que você vai entender melhor). Jennifer Parker, Claudia Wells, que foi a namorada de Marty no primeiro longa, não pode continuar nas filmagens, pois a sua mãe estava passando por um tratamento contra o câncer. Ela foi substituída por Elisabeth Shue.

O mais curioso hoje em dia quando se pensa no segundo filme é que 2015 tá logo ali, faltam 4 anos, hehe. O que será que eles previram que vingou ou não nos dias de hoje? Vejamos algumas dessas previsões. Filmes 3D: Robert Zemeckis acertou nessa previsão, em partes, mas acertou. No filme ao se deparar em frente a um cinema, do nada um tubarão parte para cima de McFly e o engole. Para ele foi um espanto, mas era uma animação em 3D do filme Tubarão 19 (apostou também em filmes que tem várias sequências, como Jogos Mortais). Confere a cena:

O tablet: Zemeckis pensou que no futuro o papel já não seria usado com tanta intensidade. Marty é abordado na rua para assinar um documento e o “papel” que lhe entregam é um tablet dos dias de hoje. Curiosidade: e não é que o Chicago Cubs ganhou a Liga de Beisebol, um ano de atraso, mas vale a atualização aqui, hehe. Confere aí a cena do filme:

As televisões de LCD e as videoconferências chegaram antes de 2015. A televisão com vários canais transmitidos ao mesmo tempo em mosaico já é uma realidade em algumas operadoras de TV por assinatura, como foi mostrado com o filho de Marty. Na televisão de LCD, a versão de Marty mais velho conversa com o seu colega de serviço, Needles, interpretado por Flea do RHCP, e o seu chefe por videoconferência, algo comum nos dias de hoje. A única coisa desatualizada é o fax que aparece no final da cena com o chefe de Marty demitindo-o. Segue o vídeo:

Carros voadores com certeza até 2015 não existirão, quem sabe daqui uns 50 anos. Os hoverboards, que são os skates planadores, não chegaram nas prateleiras ainda da maneira como foi mostrada no filme, apesar do diretor ter brincado por muito tempo dizendo que eles existem de verdade, mas a associação dos pais não permite que eles sejam vendidos. Dá uma olhada como foram feitas as cenas com os hoverboards e depois a cena final:

Cena no filme

[Atualização 1] Depois que eu publiquei este post, apareceram algumas novidades em relação a data da chegada dos personagens, dia 21 de outubro de 2015. Sem nenhuma relação com as comemorações, no ano passado, surgiu um vídeo dizendo que o hoverboard tinha saído do papel, isso deixou o povo bem animado na época. Esse vídeo, que você pode assistir abaixo, teve até a participação de Christopher Lloyd, envolvendo elementos do filme. Mas a alegria durou pouco, já que foi uma pegadinha do pessoal do Funny or Die. Dias depois, Christopher Lloyd pediu desculpas pela brincadeira. Também surgiram protótipos reais de hoverboards, mas ainda estão em fase de desenvolvimento. O primeiro deles foi o Hendo Hover, que necessita um piso especial para que se possa utilizar as pranchas. Nesse ano ainda, a Toyota lançou o seu protótipo Lexus Hoverboard que possui algumas características específicas  para poder ser utilizado.

A garrafa da Pepsi Perfect é outro item que aparece no filme e que algumas pessoas vão poder apreciar nesse dia 21 de outubro de 2015. Dá uma olhada no comercial feito pela Pepsi para promover o refri:

As roupas utilizadas no filme não vingaram, se bem que seria bom existirem roupas e calçados ajustáveis como foram mostrados no filme. A jaqueta que se ajusta e que tem tem um “auto-secamento” quando molhada ainda está longe de existir, mas o tênis da Nike, o Air Mag, foi lançado pela empresa em 2011 com número limitado de pares para venda (eles não são ajustáveis). O valor arrecadado das vendas foi doado à fundação criada por Michael J. Fox para combater a doença do mal de Parkinson. No começo do ano, houve a promessa da Nike em lançar o modelo com ajuste automático. Hoje, inclusive com um vídeo de demonstração com o próprio Michael J. Fox, a Nike forneceu mais detalhes desse tênis do futuro. Enquanto ele não aparece para venda ou leilão, veja aí os tênis em ação: [Fim da atualização 1]

De Volta para o Futuro III: No final do segundo filme, Doc Emmett Brown é enviado para o ano de 1885, época do velho oeste, acidentalmente quando o DeLorean em que ele estava foi atingido por um raio. Marty, que está preso em 1955, procura o Doc dessa época de novo para enviá-lo de volta no tempo e resgatar o Doc Brown da sua geração. Veja o trailer abaixo:

Em outras mídias: Após a trilogia foi criado um desenho animado com duas temporadas, cada uma com 13 episódios, que aqui no Brasil passaram na Rede Globo. Dá uma olhada no primeiro episódio do desenho dublado:

http://www.dailymotion.com/video/x37wkv6

Já existiram alguns games baseados na franquia, mas no final de 2010, após longos anos, foi lançado Back to the Future – The Game. O primeiro episódio, de cinco que foram lançados mensalmente, começa seis meses após o último filme, no ano de 1986. Confira abaixo o trailer do jogo e um gameplay comentado:

[Atualização 2] Também será lançada uma revista em quadrinhos sobre a franquia, contando histórias relacionadas aos personagens, mostrando o antes, durante e depois dos filmes. Inclusive, já tem uma prévia de algumas páginas das histórias. [Fim da atualização 2]

O post foi longo, mas com uma trilogia rica como essa não tem como ser breve. Espero que tenham curtido. Agora é assistir aos filmes, quem não viu ainda, rever pra quem já viu ou se divertir jogando os games da série. Para terminar, vou deixar vocês com essa mensagem do Doc Brown no vídeo abaixo, publicada no dia de hoje, 21 de outubro de 2015. GREAT SCOTT!!!