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A História que Começa pelo Fim

Olá gurizada

Com certeza, a maioria de vocês já viu o clipe The Scientist do Coldplay e Sitting, Waiting, Wishing do Jack Johnson. Alguns, quando viram pela primeira vez, devem ter imaginado como foram feitos esses videoclipes da mesma maneira que uma pessoa, ao ver uma mágica, fica tentando imaginar como o truque é feito.

Mas esse estilo de videoclipe, em que as coisas acontecem “de trás para frente”, não começou com o clipe do Coldplay. Em 89, a banda escocesa Danny Wilson fez o vídeo da música The Second Summer of Love nesse formato. Já em 96, o grupo de Hip Hop The Pharcyde fez o clipe da música Drop com a mesma ideia. Confesso que nunca tinha ouvido falar desse grupo e muito menos desse clipe, descobri fazendo a pesquisa para este post. O videoclipe deles teve a direção de Spike Jonze, que é o cocriador e produtor da série de televisão da MTV, “Jackass“. Confere abaixo o vídeo e o Making of:

The Pharcyde – Drop

Making of

Já o videclipe do Coldplay, The Scientist, foi dirigido por Jamie Thraves, que já dirigiu clipes do Blur, The Verve, Radiohead, etc. Ao falar sobre o clipe em uma entrevista, o diretor disse:

“Foi incrivelmente difícil, de rachar a cabeça. Era para ser um vídeo de trás para frente, por isso, basicamente, eu tinha que trabalhar no de trás para frente também. Eu tive que visualizar os ângulos de câmera e raciocinar em que sentido exatamente filmar o Chris. Eu tive que visualizar os movimentos das câmeras e então… Revertê-las. Foi de queimar os neurônio. Apesar de ter sido tão cansativo e estressante, foi muito divertido. Estou muito satisfeito com o resultado final.”

Como tudo tinha que ser gravado de maneira contrária, o vocalista Chris Martin teve que aprender a letra da música ao contrário também, processo que levou um mês aproximadamente. O diretor teve a preocupação que se o vídeo fosse passado na sua forma “normal”, a história deveria manter o sentido. Além disso, ele foi filmado em vários locais diferentes, ao invés de ser rodado numa cidade com apenas um take. Quem contracena com Martin é a atriz irlandesa Elaine Cassidy. O videoclipe ganhou alguns prêmios em 2003 no MTV Video Music Awards. Infelizmente, eu não consegui o Making of dele. Confere o clipe aí:

Coldplay – The Scientist

No clipe de Jack Johnson Sitting, Waiting, Wishing, que teve a direção dos Irmãos Malloy, o processo foi o mesmo do Coldplay, porém com uma única diferença: ele foi gravado numa única tomada. No Making of abaixo, vocês podem conferir que ele também teve que aprender a letra ao contrário. Nele, vocês notam também a presença no set de Ben Stiller e Ben Harper que ajudam a sujar Jack. Confiram o clipe e o Making of (podem ativar a legenda no YouTube para transcrever o áudio):

Jack Johnson – Sitting, Waiting, Wishing

Making Of

No dia 30/12/2016, recebi uma sugestão da leitora Giovanna nos meus comentários. Segue o clipe da banda americana R5 com a música Smile. Na sequência, coloquei o Making of também 😄

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Espero que tenham gostado da postagem. Se souberem de mais algum clipe nesse formato, me avisem que eu atualizo o post.

Kurt Cobain Diretor

Olá gurizada

Para estrear o Vídeos em Geral, vou falar de algo que eu gosto muito: música e videoclipes. Escolhi escrever sobre um lado do Kurt Cobain que poucos conhecem. Além de desenhista, pintor, artista plástico e músico, ele também gostava de dirigir vídeos.  Com a câmera Super-8 dos seus pais em 1981, aos 14 anos de idade, ele fez o seu primeiro curta, baseado no livro a Guerra dos Mundos de H. G. Wells. Essa história ficou mais conhecida por meio de um programa de rádio produzido pelo cineasta Orson Welles, o qual apavorou muitas pessoas em 1938. Kurt tinha a intenção de apavorar o filho de sua madrasta, James, com esse curta, já que o garoto era mais novo que ele. A sua segunda produção foi no ano seguinte, intitulado Kurt comete suicídio sangrento, no qual ele aparece diante de uma câmera conduzida por James e finge talhar os pulsos com uma faca. Nesse vídeo, Kurt usa sangue falso e uma interpretação dramática a la filmes mudos. Outro vídeo dessa época, é um no qual ele coloca a máscara de Mr. T e finge aspirar uma enorme quantidade do que parece ser cocaína, um efeito que ele criou com farinha de trigo e um aspirador de pó. Vocês podem assistir abaixo alguns desses mini-curtas produzidos naquela época:

Neste aqui, vocês podem ver mais uma das produções caseiras de Cobain tirada da coletânea With the Lights Out, lançada em 2004. Em uma das cenas, a partir da metade do vídeo, aparece Kurt caminhando no terreno de um edifício abandonado usando uma camiseta da Rádio KISW escrita “Seattle’s Best Rock”. Em outra parte deste curta, que eu não consegui encontrar o vídeo completo, ele tenta imitar o ator Jean-Paul Belmondo no filme Acossado.

Quando o Nirvana já estava montado, antes da fama, eles tentaram fazer um vídeo oficial sobre a banda no dia 20 de março de 1990. O plano de Kurt era que a banda tocasse e ao fundo seriam projetadas vinhetas e trechos de programas de televisão que ele havia gravado, junto com mais alguns filmes que ele havia feito em sua infância com a sua câmera Super-8. Após a gravação, Kurt queria ir a Aberdeen para adicionar mais tomadas de seus fantasmas de infância no material final. Como muitas de suas ideias, jamais foi posta em prática. Nessa época, o baterista da banda era Chad Channing, que integrou a banda de 88 a 90. O material final da gravação foi dividido em 5 partes (só seguir com a playlist para assistir todos), sendo que no quinto vídeo aparece Cobain esboçando as suas ideias para o diretor do vídeo, Jon Snyder.

O videoclipe da música mais conhecida do Nirvana teve o toque de Kurt na direção, “uma reunião de torcida que dava errado”. Ele definiu alguns detalhes, como a ideia de utilizar prostitutas vestidas de chefes de torcida usando o símbolo da anarquia em seus suéteres. Cobain disse a John Gannon, operador de câmera na filmagem, que ele queria que uma “câmera-dançante” o filmasse e “alguma coisa contra a qual eu possa bater minha cabeça”. Mas Kurt, desde o começo das gravações, implicou com o diretor Sam Bayer, já que ele queria estar dirigindo pessoalmente o vídeo. Em um momento, Bayer e Cobain entraram em uma competição de gritos e isso ajudou o diretor a usar isto em seu benefício: Kurt estava claramente irado na gravação, o que ajudou a vender a canção; Cobain também estava bêbado, após ter entornado meia garrafa de Jim Beam entre as tomadas, fator que deve ter contribuído para a briga. Kurt ajudou a editar a versão final e acrescentou a tomada em que mostrava a sua face quase colada na lente da câmera. Quando a multidão saía de controle e invadia a apresentação da banda, recriava os tempos dos primeiros shows em que eles se apresentaram sem um palco. O zelador da escola que aparece no vídeo, empurrando um esfregão e um balde, era a representação de Kurt em seu emprego anterior no colégio de Aberdeen, um dos muitos empregos de Kurt antes da fama.


Já no clipe de Heart-Shaped Box aconteceram algumas curiosidades. Kurt convidou o escritor William S. Burroughs para participar do vídeo, porém ele recusou. Nunca ficou claro porque Kurt queria ele no elenco, onde a ideia era que Burroughs aparecesse com o rosto obscuro e só Kurt saberia quem era o figurante. Entre Julho e Agosto de 1993, a banda se reuniu com o diretor Kevin Kerslake, que já tinha dirigido os outros clipes do Nirvana. Foram feitas várias versões do clipe, mas, em uma disputa sobre quem era o autor das ideias, Kurt rompeu com Kerslake. A banda optou por Anton Corbijn para dirigir o videoclipe. O diretor Corbijn teve a ideia de gravar todo o clipe em preto e branco e colorir ele depois por computador. O videoclipe teve a verba de 1 milhão de dólares, valor muito alto para a época. Kurt falou reservadamente aos seus amigos que muitas das imagens contidas no clipe vinham de seus sonhos. Kerslake resolveu processar Cobain e o Nirvana após o lançamento do clipe alegando quebra de direitos autorais. Isso abalou Kurt, pois ele não pensava em mais nada e tinha medo que, se perdesse o processo, iria perder a sua casa e receava que isso o arrasasse financeiramente. O diretor e a banda resolveram fora dos tribunais a situação. Curte o clipe aí:

Se vocês notarem bem, alguns clipes do Nirvana apresentam características em comum com essas produções amadoras de Kurt. Temos como exemplo os closes dos clipes Heart-Shaped Box, Smells Like Teen Spirit, Sliver e Comes As You Are. Neste último clipe, ele pediu para que fossem feitas tomadas escuras e distorcidas o seu rosto. Pra quem quiser ver mais coisas sobre o Nirvana, existem muitos vídeos no YouTube, na sua maioria sobre Kurt, conspirações de que ele tá vivo, shows, entrevistas e etc.

Grande parte das informações que eu coloquei aqui neste post foram retiradas da biografia de Kurt Cobain, Mais Pesado que o Céu (Heavier Than Heaven) de Charles R. Cross, publicado em 2001, e muitas coisas que já li ou vi pela televisão sobre o Nirvana. Espero que tenham Kurtido.

⊗ Conteúdo Extra (08/05/2016)

Pra quem quiser ver mais vídeos caseiros sobre o Kurt Cobain, pode assistir ao documentário Cobain: Montage of Heck, produzido pela sua filha, Frances Cobain, com direção de Brett Morgen. O documentário está disponível atualmente na Netflix.

Experiências no Audiovisual

Olá galera

Este aqui é o primeiro post nesse meu novo projeto, #heha. Pensei um pouco sobre que assunto eu colocaria aqui pra abrir essa bagaça. Resolvi então colocar uma das primeiras experiências em que eu tive com o audiovisual na faculdade e que me fez descobrir esse novo mundo.

O vídeo, que vai ilustrar esse meu primeiro post, foi feito após algumas experiências na época em que eu estava em treinamento como monitor voluntário no NEPTV (estúdio de TV do curso de Comunicação Social da UFRGS) e tava aprendendo a futricar no programa de edição. Eu e a Carol Timm editamos esse vídeo, mas na verdade não teve muita edição. Nós pegamos um vídeo que estava perdido no meio de uma das ilhas de edição, da estudante na época Aline Pellegrini, e fundimos com o áudio do clipe da banda Suco Elétrico. O videoclipe dessa banda foi produzido pelo Renato Paredes, que era bolsista do NEPTV em 2009. O único acréscimo na edição final foi um trecho dos nossos colegas de faculdade, onde o Fillipe Xipo dança que nem o Johnny Bravo com o Cléber de fundo no antigo DACOM, hehehe. Infelizmente eu não consegui o clipe feito pelo Paredes, mas curte aí como ficou a fusão desse dois vídeos:

Foi fazendo esse vídeo que eu descobri a magia da edição. A gente simplesmente fundiu os dois clipes e, como que num passe de mágica, as cenas ficaram sincronizadas de acordo com o ritmo da música. E digo que muitos dos vídeos que eu editei até hoje aconteceu isso. Tu encaixa sem querer um trecho de um vídeo qualquer num lugar da timeline e ele simplesmente encaixa que é uma beleza. Daí as pessoas vem e dizem pra ti: “Bah ficou genial o teu vídeo” ou “Como tu fez aquilo ali?? Deve ser complicado de fazer”. São coisas inexplicáveis que acontecem quando tu produz algum vídeo e, às vezes, o improvisado fica muito melhor do que aquilo que tu planejou um tempão para ficar maravilhoso. Talvez se essas primeiras experiências malucas de edição não tivessem acontecido comigo, eu nem estaria mais produzindo vídeos e este blog nem existiria. Talvez, talvez…